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Conheça a ligação entre o primeiro e o melhor pastel de feira de Maringá 4wi6p
Por Brenda Caramaschi Publicado 17/05/2025 às 08h52
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Para muita gente o gostinho de pastel frito na hora é associado imediatamente a uma ida à feira. / Foto: Pastel do Tom
Dia 17 de maio é Dia Mundial da Pastelaria e, embora o termo seja uma tradução de World Baking Day, que seria algo mais ligado ao preparo de bolos e salgados assados, em bom português, a palavra pastelaria é logo associada ao pastel frito e suas inúmeras possibilidades de recheio. É claro que existem centenas de lanchonetes que vendem bons pasteis em Maringá, mas para muita gente o gostinho de pastel frito na hora é associado imediatamente a uma ida à feira.
O ano era 1969 e o agricultor Toshinobu Koyama, depois de se encantar com as feiras livres de São Paulo, decidiu abrir a primeira barraca de pastel em Maringá. Ele não tinha certeza se o sucesso em terras maringaenses seria tão grande quanto o da capital paulistana, mas pelo menos um público era tido como certo: os feirantes, que chegavam de madrugada para atender ao público e precisavam de algo rápido e saboroso para matar a fome. Acontece que o nome oriental era difícil para o público, que apelidou o pasteleiro de Roberto.
Em 1969, “Seu Roberto” abriu a primeira barraca de pastel em uma feira livre de Maringá. / Foto: Arquivo pessoal Jerry Koyama
Seu Roberto dedicou tempo e atenção ao preparo da massa, crocante e saborosa. Tanto que virou referência. ou adiante o conhecimento para outros pasteleiros de Maringá e de Londrina. E pode parecer clichê, mas o que ele dizia ser o “ingrediente secreto” era o amor e carinho que colocava na receita – tanto que a frase está incutida na mente de todos os seis filhos de “Roberto”, que levaram o legado do pai adiante em diferentes ramos gastronômicos: Thelma e Chrystiane foram para a confeitaria, Márcio e Cláudio estão a frente de restaurantes japoneses, assim como Jerry, que também foi o responsável em transformar a Roberto’s Pastel em franquia e Rogério, que hoje toca a indústria de massas, que fabrica a receita criada pelo pai para ser vendida nos supermercados do Paraná e de São Paulo e abastecer as lojas da franquia.
Nos anos 2000, o pastel do Seu Roberto virou franquia. A primeira loja foi aberta no estacionamento do Atacadão. / Foto: Arquivo pessoal Jerry Koyama
Atualmente são 100 toneladas de massa fabricadas por mês levando o nome do patriarca da família, que faleceu há cinco anos. A rede de lojas tem sete unidades em Maringá, uma em Arapongas, uma em Paranavaí, uma em Cambé e uma em Ibiporã. A marca está ando por um rebranding e deve inaugurar em breve uma nova loja modelo. Mas o legado de Seu Roberto não ficou apenas nos negócios istrados pelos filhos. “Basicamente todas as barracas de pastel da região, foi meu pai quem ensinou a fazer a massa e o recheio”, conta Jerry. E uma dessas barracas que herdou o conhecimento do pioneiro da pastelaria de feira levou o título de “Melhor pastel de feira de Maringá”, em um concurso criado no ano ado pela prefeitura.
O Pastel do Tom, campeão da primeira edição da competição com o Enroladão – um blend de carne bovina e suína, ovos, tomate, azeitonas e queijo mussarela – nasceu há 45 anos, depois que João Hirosi Nakamura e o irmão, Tom, que dá nome ao negócio, compraram a barraca de Seu Roberto. Tom faleceu em 1994, mas o nome permaneceu. Agora, ao lado de João, chamado por todos de Hirosan, no alto de seus 70 anos, estão a esposa, os filhos e uma equipe formada por mais de uma dezena de pessoas entre a fábrica e o atendimento em quatro feiras livres por semana. Apesar das décadas de experiência, os desafios de entregar o pastel perfeito ainda existe. “Parece que o pastel é fácil, simples, mas no fim das contas ele é bem complexo. Às vezes até a gente erra na massa por causa da umidade ou do calor. Mas a gente precisa fazer o máximo na produção para o pessoal poder vender, precisa estar sincronizado com todo mundo”, diz Elton Nakamura, filho de Hirosan.
“Hirosan” herdou do pioneiro da pastelaria maringaense e aprendeu com ele as primeiras receitas; no ano ado, a barraca dele ganhou o título de “Melhor pastel de feira de Maringá”. / Foto: Arquivo pessoal Elton Nakamura
A pastelaria entrou no concurso promovido pelo município por insistência de amigos e concorreu com outras quatro barracas. “A gente nem botava muita fé, mas demos a sorte grande de sermos campeões, sem nenhuma pretenção. A gente fez o que a gente sempre faz, o melhor possível, todos os dias, com a melhor qualidade que a gente puder fazer. E a vitória traz um sentimento de reconhecimento e missão cumprida. E essa missão a gente precisa continuar. É tão bom saber que tanta gente vem compartilhar seu café da manhã com a gente. É uma coisa que não tem preço”, se emociona Elton.
Na barraca vencedora e em todas as outras participantes do concurso é possível ver gerações inteiras compartilhando momentos juntos: avós, pais, filhos, netos, que acompanhados de um café preto, um achocolatado ou um refrigerante, desfrutam das dezenas de sabores possíveis dentro de uma massa de pastel frita na hora, com a fumacinha saindo depois da primeira mordida. Cada um com sua particularidade, acompanhados ou não de um bom vinagrete, ou molhinho de pimenta, convida a uma pausa na correria para provar, com calma, o sabor mais tradicional das feiras do nosso país.
Pauta do Leitor 5l1h14
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